A Pedra de Roseta é um fragmento de uma estela maior. Nenhum outro fragmento foi
encontrado em escavações posteriores do sítio arqueológico de Roseta.Por seu
estado precário de conservação, nenhum dos três textos está totalmente
completo. O registro superior, que consiste dos hieróglifos egípcios, foi o
mais danificado; apenas 14 linhas de texto restam, todas sem parte do lado
direito, e 12 delas sem o lado esquerdo. O registro seguinte, em demótico, é o
que se encontra em melhor estado; tem 32 linhas, das quais as primeiras 14
estão levemente danificadas no lado direito. O registro final, do texto grego,
tem 54 linhas, das quais as primeiras 27 estão conservadas em relativa
integridade, enquanto o restante está num estado fragmentário devido a uma
rachadura diagonal no canto inferior direito da pedra.
A extensão total do texto em hieróglifos e o
tamanho total da estela original, da qual a Pedra de Roseta é um fragmento,
pode ser estimada com base nas estelas semelhantes que sobreviveram aos dias de
hoje, incluindo outras cópias do mesmo decreto. O decreto de Canopo, feito pouco tempo antes e
erguido em 238 a.C., durante o reinado de Ptolomeu III,
tem 219 cm de altura e 82 de largura, com 36 linhas de texto hieroglífico, 73
do demótico e 74 do grego. Os textos têm uma dimensão semelhante nas duas
estelas. A partir destas
comparações pode-se chegar à estimativa de que faltam cerca de 14 ou 15 linhas
de inscrições em hieróglifos no registro superior da Pedra de Roseta, que
representariam outros 30 centímetros. Além
destas inscrições, também deveria provavelmente existir nela uma cena mostrando
o rei sendo apresentado aos deuses, sob um disco alado ao topo de tudo,
como foi feito na Estela de Canopo. Estes paralelos, bem como um sinal
hieroglífico significado 'estela' na própria pedra; a Gardiner's
Sign List (O26)
sugere que sua parte superior deveria ser arredondada originalmente. Estima-se que a altura da estela
original fosse de 149 centímetros.
[editar]Decreto de Mênfis e seu conteúdo
A estela foi erguida após a coroação do
rei Ptolomeu V,
e foi inscrita com um decreto que estabelecia o culto divino do novo soberano.O
decreto foi proclamado por um congresso de sacerdotes reunidos em Mênfis, sua data é "4 de Xandico",
no antigocalendário macedônico,
e "18 de Meshir"
no calendário egípcio,
que correspondia a 27 de março de 196. O ano é citado como o nono ano do reinado
de Ptolomeu V (equivalente a 197/196 a.C.), o que é confirmado através da
citação de quatro sacerdotes que foram nomeados para o cargo no mesmo ano; Aeto,
filho de Aeto foi
sacerdote dos cultos divinos de Alexandre, o Grande e de cincoPtolomeus,
inclusive o próprio Ptolomeu V; seus três colegas, também citados nominalmente
na inscrição, iniciaram o culto aBerenice Evérgeta (esposa de Ptolomeu III), Arsínoe Filadélfia (esposa e irmã de Ptolomeu II)
e Arsínoe Filopator,
mãe de Ptolomeu V.[16] Uma
segunda data, no entanto, é fornecida nos textos gregos e hieroglíficos, que
corresponde a 27 de novembro de 197, aniversário oficial da coroação de
Ptolomeu. A inscrição em demótico
está conflitante, listando dias consecutivos em março para o decreto e o
aniversário; embora o porquê
destas discrepâncias seja incerto, parece claro que o decreto data de 196 d.C.,
e que ele teve como intenção restabelecer o domínio dos reis ptolomaicos sobre
o Egito.
O decreto foi promulgado durante um período
turbulento na história egípcia. Ptolomeu V Epifânio (reinou de 204 a 181 a.C.),
filho dePtolomeu IV Filopator e sua esposa e irmã, Arsínoe, havia se
tornado soberano com cinco anos de idade, depois da morte repentina de seus
pais, assassinados, de acordo com fontes contemporâneas, numa conspiração que
envolveu a amante de Ptolomeu IV,Agatocleia.
Os conspiradores efetivamente governaram o Egito como guardiães de Ptolomeu V, até que, dois anos mais tarde, uma
revolta eclodiu sob o comando o general Tlepólemo,
e Agatocleia, juntamente com sua família, foi linchada por
uma multidão em Alexandria. Tlepólemo, por sua vez, foi substituído como
guardião do jovem rei, em 201, por Aristómenes
de Alízia, principal dos ministros durante o período do decreto de
Mênfis.
Forças políticas externas às fronteiras do
Egito exacerbaram os problemas internos do reino ptolomaico. Antíoco III, o Grande e Filipe V da Macedônia fizeram um pacto visando dividir os
territórios egípcios localizados pelo Mediterrâneo; Filipe havia capturado
diversas ilhas e cidades da Cária e Trácia, enquanto a Batalha
de Pânio (198 a.C.), e
resultou na transferência da Cele-Síria (incluindo
a Judeia) dos Ptolomeus para os selêucidas. Enquanto isso o sul do Egito
passava por uma duradoura revolta, iniciada já durante o reinado de Ptolomeu
IV,] liderada por Horwennefer e por seu sucessor, Ankhwennefer. Tanto a guerra quanto a revolta ainda
estavam ocorrendo quando o jovem Ptolomeu foi coroado oficialmente em Mênfis,
com 12 anos de idade (sete anos depois do início de seu reinado), e o decreto
de Mênfis foi promulgado.
Outro exemplo fragmentário de uma "estela donativa", na qual ofaraó Pepi II, do Antigo Império, concede uma isenção de
impostos aos sacerdotes residentes do templo de Min.
A estela é um exemplar tardio de uma classe
de estelas donativas, que mostram o monarca reinante concedendo uma isenção de
impostos aos sacerdotes residentes.Os faraós vinham erguendo estas estelas ao
longo de 2000 anos, e seus exemplos mais antigos datam do período do Antigo Império. Em tempos antigos estes
decertos eram promulgados pelo próprio rei, porém o decreto de Mênfis foi
promulgado pelos próprios sacerdotes, na função de mantenedores da cultura
egípcia tradicional. O decreto
registra que Ptolomeu V presenteou os templos com prata e grãos.]Também registra que, no oitavo
ano de seu reinado, durante uma enchente do Nilo particularmente intensa, o rei
represou as águas que estavam transbordando, para o bem dos fazendeiros. Em troca destas concessões, o
sacerdote prometia que os dias do aniversário e da coroação do rei seriam
comemorados anualmente, e que todos os sacerdotes do Egito prestariam culto a
ele, ao lado dos outros deuses. O decreto concluía com a instrução de que uma
cópia deveria ser colocada em cada templo, inscrita na "língua dos
deuses" (hieróglifos), na "língua dos documentos" (demótico) e
na "língua dos gregos", que era utilizada pelo governo ptolomaico.
Conquistar o apoio dos sacerdotes era
essencial para os reis ptolomaicos conseguirem ter um domínio efetivo sobre a
população egípcia. Os Sumos
Sacerdotes de Mênfis -
onde o rei havia sido coroado - eram particularmente importantes, na medida em
que eram a mais alta autoridade da época, e tinham influência em todo o reino.Como
o decreto foi promulgado em Mênfis, antiga capital do Egito, e não em Alexandria- centro do governo durante todo o
período dos Ptolomeus - parece evidente que o jovem rei estava ansioso em
conquistar o apoio ativo destes sacerdotes. Assim,
embora o governo do Egito tivesse adotado oficialmente o grego desde as
conquistas de Alexandre, o Grande,
o decreto de Mênfis, como os dois
decretos que o precederam na
série, traziam textos em egípcio, como forma de mostrar sua importância para a
população, através dos sacerdotes alfabetizados no egípcio.
A Pedra de Roseta não foi traduzida
diretamente para o português. Não
existem traduções definitivas do decreto para o inglês, devido às pequenas diferenças entre os
três textos originais, e porque a compreensão moderna dos idiomas antigos
continua a ser desenvolvido. Uma tradução atualizada de R. S. Simpson, baseada
no texto demótico, consta do site do Museu Britânico. Ela pode ser comparada com a tradução
completa de Edwyn R.
Bevan, publicada em The
House of Ptolemy (1927), com base no texto grego, e com
comentários em notas de rodapé sobre as diferenças entre este texto e outros
dois em egípcio. A versão de Bevan se
inicia assim:
In the reign of the young one—who has received the royalty from his
father—lord of crowns, glorious, who has established Egypt, and is pious
towards the gods, superior to his foes, who has restored the civilized life of
men, lord of the Thirty Years' Feasts, even as Hephaistos the Great; a king,
like the Sun, the great king of the upper and lower regions; offspring of the
Gods Philopatores, one whom Hephaistos has approved, to whom the Sun has given
the victory, the living image of Zeus, son of the Sun, Ptolemy living-for‑ever
beloved of Ptah; in the ninth year, when Aëtus, son of Aëtus, was priest of
Alexander ...;
The chief priests and prophets and those that enter the inner shrine for
the robing of the gods, and the feather-bearers and the sacred scribes, and all
the other priests ... being assembled in the temple in Memphis on this
day, declared:
Since king Ptolemy, the everliving, the beloved of Ptah, the God
Epiphanes Eucharistos, the son of king Ptolemy and queen Arsinoe, Gods
Philopatores, has much benefited both the temples and those that dwell in them,
as well as all those that are his subjects, being a god sprung from a god and
goddess (like Horus, the son of Isis and Osiris, who avenged his father Osiris),
and being benevolently disposed towards the gods, has dedicated to the temples
revenues in money and corn, and has undertaken much outlay to bring Egypt into
prosperity, and to establish the temples, and has been generous with all his
own means, and of the revenues and taxes which he receives from Egypt some has
wholly remitted and others has lightened, in order that the people and all the
rest might be in prosperity during his reign ...;
It seemed good to the priests of all the temples in the land to increase
greatly the existing honours of king Ptolemy, the everliving, the beloved of
Ptah ... And a feast shall be kept for king Ptolemy, the everliving, the
beloved of Ptah, the God Epiphanes Eucharistos, yearly in all the temples of
the land from the first of Thoth for five days; in which they shall wear
garlands, and perform sacrifices, and the other usual honours; and the priests
shall be called priests of the God Epiphanes Eucharistos in addition to the
names of the other gods whom they serve; and his priesthood shall be entered
upon all formal documents and private individuals shall also be allowed to keep
the feast and set up the aforementioned shrine, and have it in their houses,
performing the customary honours at the feasts, both monthly and yearly, in
order that it may be known to all that the men of Egypt magnify and honour the
God Epiphanes Eucharistos the king, according to the law.
A estela quase certamente não se originou na
cidade de Rashid (Roseta),
onde foi encontrada, mas provavelmente veio de algum templo situado mais a
interior, possivelmente na cidade real de Saís.O templo do qual veio originalmente
provavelmente foi fechado por volta de 392 d.C., quando o imperador romano
oriental Teodósio I ordenou
o fechamento de todos os templos de cultos não-cristãos. Em
algum ponto depois disso a estela se partiu, e a sua maior parte se tornou o
que atualmente é conhecido como a Pedra de Roseta.] Os antigos templos egípcios foram
usados como fontes de material para novas construções, e a Pedra provavelmente
foi reutilizada desta maneira. Mais tarde acabou sendo incorporada às fundações
de uma fortaleza construída
pelosultão mameluco Qaitbay (c. 1416, 1418–1496) para a defesa do Bolbitine, afluente do Nilo que passa por
Rashid. Lá ela ficou por pelo
menos três séculos, até ser redescoberta.
Duas outras inscrições dos decretos de Mênfis
foram descobertas desde que a Pedra de Roseta foi encontrada: a Estela
de Nubayrah, e uma inscrição encontrada no Templo
de Filas. Ao contrário da Pedra de Roseta, suas inscrições em
hieróglifos estavam relativamente intactas, e embora as inscrições da Pedra de
Roseta já tivessem sido decifradas muito antes da descoberta destas outras
cópias do decreto, egiptologistas posteriores, incluindo Wallis Budge,
utilizaram-se destas outras incrições para compreender com maior precisão os
hieróglifos que haviam sido utilizados nas partes do registro hieroglífico da
Pedra de Roseta que haviam sido perdidas.
Descoberta
A Pedra de Roseta no Museu Britânico(Londres)
A pedra foi encontrada no Egito em agosto de 1799,
por soldados do exército deNapoleão Bonaparte,
particularmente por um oficial chamado Bouchard, enquanto conduziam um grupo de
trabalho de engenheiros para o Forte Julien, cerca de 56 km ao leste de Alexandria.
Devido aos termos da capitulação francesa
diante do Reino Unido em 1801,
a pedra foi cedida às autoridades militares britânicas e depositada no Museu
Britânico, onde se encontra até os nossos dias.
O bloco de pedra apresentava glifos cunhados
em três partes distintas. Cada parte revelava um tipo de escrita que em nada se
assemelha às demais. As três formas, constatou-se posteriormente, eram um texto
em:
§ Demótico egípcio e
O texto registra um decreto do corpo
sacerdotal do Egito, reunido em Mênfis, instituído em 196 a.C., sob o reinado de Ptolemeu V Epifânio(205
a 180 a.C.), escrito em dois idiomas: Egípcio Tardio e Grego. O texto em antigo
egípcio foi escrito em duas versões: hieróglifos e demótico, esta última uma
variante cursiva da escrita hieroglífica.
A pedra tem 114 cm de altura, 72 cm de
largura, cerca de 28 cm de espessura e pesa 760 kg.
Estudos
Levantava-se a hipótese de que os três textos
fossem o mesmo, embora apenas o em grego pudesse ser entendido.
O conhecimento sobre a escrita em hieróglifos
encontrava-se perdido desde o século IV d.C., e do demótico desde pouco
depois. Desse modo, dois problemas confrontavam os acadêmicos que trabalhavam
com as inscrições: saber se os hieróglifos representavam uma simbologia
fonética ou apenas símbolos pictóricos, e determinar o significado das palavras
individuais.
O médico britânico Thomas Young obteve
um substancial progresso em 20 anos de estudo. Mas o mérito final da completa
realização da tradução, em 1822,
pertence ao estudioso francês Jean-François
Champollion, que desta forma iniciou a ciência do estudo de assuntos
referentes ao Egito, a egiptologia.
Conteúdo da Pedra de Roseta
O faraó Ptolomeu V Epifânio havia concedido
ao povo a isenção de uma série de impostos. Em sinal de agradecimento, os
sacerdotes ergueram uma estátua de Ptolomeu V em cada templo e organizaram
festividades anuais em sua honra. Para deixar registrada para sempre tal
decisão, gravaram-na em várias estelas comemorativas e colocaram uma delas em
cada templo importante da época. Os soldados de Napoleão encontraram uma dessas
pedras. Apesar de estar mutilada, foi possível reconstituir a totalidade do texto
original da estela, graças a outras cópias do decreto que foram encontradas.
Ele reza:
"No
decorrer do reinado do jovem que sucedeu a seu pai na realeza, Senhor dos
Diademas, mui glorioso, que estabeleceu o Egito e foi piedoso perante os
deuses, triunfante sobre seus inimigos e que restaurou a paz e a vida
civilizada entre os homens, Senhor dos Festivais dos Trinta Anos, semelhante a
Ptah, o Grande, um rei como Rá, grande rei dos países Alto e Baixo, progênie
dos Deuses Filopatores, aprovado por Ptah, a quem Rá deu a vitória, imagem viva
de Amum, filho de Rá, PTOLOMEU, ETERNO, AMADO DE PTAH, no nono ano, quando
Aetos, filho de Aetos, era sacerdote de Alexandria e os deuses Sóteres e os
deuses Adelphoi e os deuses Evergetes e os deuses Filopatores e o deus Epifânio
Eucaristo; Pyrrha, filha de Philinos, sendo Athlophoros de Berenice Evergetes,
Areia, filha de Diogenes, sendo Kanephoros de Arsinoe Filadelfo; Irene, filha
de Ptolomeu, sendo sacerdotisa de Arsinoe Filopator; aos quatro do mes de
Xandikos, de acordo com os egípcios, o 18ª de Mekhir.
O DECRETO
Estando
reunidos os Sacerdotes Principais e Profetas e aqueles que adentram no templo
interior para paramentar os deuses, e os Portadores de Abano e os Escribas
Sagrados e todos os demais sacerdotes dos templos da terra que vieram se
encontrar com o rei em Mênfis para a festa da assunção de PTOLOMEU, ETERNO, O
BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, o sucessor de seu pai na realeza;
estando
todos reunidos no templo de Mênfis nesse dia, declaram que:
considerando
que o rei PTOLOMEU, ETERNO, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, o
filho do rei Ptolomeu e da rainha Arsinoe, os deuses Filopatores, foi um
benfeitor tanto do templo quanto daqueles que vivem nele, bem como de seus
assuntos, sendo um deus oriundo de um deus e de uma deusa amados de Hórus, o
filho de Ísis e de Osíris, que vingou seu pai Osíris, estando propiciamente
inclinado em relação aos deuses, destinou à renda dos templos riquezas e milho
e empreendeu muitas despesas para a prosperidade do Egito e para a manutenção
dos templos e foi generoso sobretudo com seus próprios meios; e isentou alguns
e abrandou para outros os impostos e taxas cobrados no Egito, para que essas
pessoas e todas as demais pudessem viver em prosperidade durante seu reinado;
e
considerando que ele anulou os débitos que numerosos egípcios e o restante do
reino tinham com relação à coroa;
e
considerando que para aqueles que estavam presos e aos que estavam sob acusação
há muito tempo, ele decidiu aliviá-los das cargas que pesavam contra eles;
e
considerando que ele confirmou que os deuses continuarão a viver das rendas dos
templos e das dotações anuais recebidas, tanto de grãos quanto de bens, bem
como das rendas destinadas aos deuses pelos vinhedos, jardins e outras propriedades
que pertenciam aos deuses durante o reinado de seu pai;
e
considerando que ele também decidiu, em respeito aos sacerdotes, que eles não
devem, para admissão ao sacerdócio, pagar mais do que as taxas estabelecidas
durante o reinado do seu pai e até o primeiro ano do seu próprio reinado; e
desobrigou os membros das ordens sacerdotais da viagem anual a Alexandria;
e
considerando que ele decidiu que não haverá mais nenhum recrutamento
compulsório para a marinha; e que da taxa sobre tecido de linho fino pago pelos
templos à coroa ele reduziu dois terços; e que qualquer que tenham sido as
negligências de tempos passados, ele as corrigiu devidamente, destacando-se
muito particularmente as taxas tradicionais a serem pagas apropriadamente aos
deuses; e igualmente a todos ministrou justiça, como Thoth, o grande e grande;
e decretou que aqueles que retornam da guerra e aqueles que foram espoliados de
seus bens nas épocas de turbulência, devem, no seu retorno, ser autorizados a
ocupar suas antigas propriedades;
e
considerando que ele autorizou o desembolso de grande quantidade de dinheiro e
grãos para enviar a cavalaria, a infantaria e a marinha contra aqueles que
invadirem o Egito por mar e por terra, a fim de que os templos e todos aqueles
que habitam na terra possam estar em segurança; e que tendo ido a Lycopolis, no
nomo de Busirite, com um abundante arsenal e outras provisões, para constatar e
dissipar o descontentamento provocado por homens ímpios que perpetraram danos
aos templos e a todos os habitantes do Egito, ele a circunvalou de pequenas
colinas, canais e complicadas fortificações; quando o Nilo, que habitualmente
inunda as planícies, teve uma grande cheia no oitavo ano do seu reinado, ele a
evitou construindo em numerosos locais desvios para os canais, por um custo
irrisório, e confiando a guarda desses locais à cavalaria e à infantaria, em
pouco tempo, ele tomou de assalto a cidade e matou todos os homens ímpios, tal
como o fizeram Thoth e Hórus, o filho de Ísis e Osíris, em tempos passados,
para subjugar os rebeldes no mesmo distrito; e como seu pai havia feito com os
rebeldes que haviam molestado a terra e lesado os templos, ele veio a Mênfis
para vingar seu pai e sua própria realeza e os puniu como eles mereciam;
aproveitando-se de sua vinda, ele fez executar as cerimônias adequadas da sua
coroação;
e
considerando que ele dispensou o que era devido à coroa pelos templos até o seu
oitavo ano, não exigindo sequer uma pequena quantidade de milho ou dinheiro; e
que fez descontos também nas multas para os tecidos de linho fino não entregues
à coroa e para os que foram entregues diminuiu as taxas pelo mesmo período; e
que ele também isentou os templos do imposto de uma medida de grão para cada
medida de terra sagrada e, da mesma forma, de uma jarra de vinho para cada
medida de terra dos vinhedos;
e
considerando que ele fez muitas oferendas a Ápis e a Mnevis e aos outros
animais sagrados do Egito, pois ele é muito mais preveniente do que os reis que
o precederam com relação a tudo que lhes dizia respeito; e que para seus
funerais ofertou o que era conveniente com prodigalidade e fausto, e que o que
foi pago aos seus santuários específicos o foi regularmente, com sacrifícios e
festivais e outras observâncias costumeiras, e que ele manteve a honra dos
templos do Egito de acordo com as leis; e que ornou o templo de Ápis com um
rico trabalho, dispendendo com isso grande quantidade de ouro, prata e pedras
preciosas;
e
considerando que ele fundou templos e santuários e altares e reparou aqueles
que necessitavam de reparo, tendo o espírito de um deus benfeitor no que diz
respeito à religião;
e
considerando que, após levantamento, ele vem reconstruindo, durante seu
reinado, os mais honoráveis dos templos, como se fazia necessário;
em
recompensa pelo que os deuses lhe têm dado saúde, vitória e poder, e todas as
demais coisas boas, e ele e seus filhos permanecerão na prosperidade por todos
os tempos.
COM FORTUNA
PROPÍCIA:
Foi decidido
pelos sacerdotes de todos os templos da terra aumentar grandemente as honras
devidas ao Rei PTOLOMEU, ETERNO, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO
EUCARISTO, igualmente as de seus pais, os Deuses Filopatores, e as de seus
ancestrais, os Grandes Evergetes e os Deuses Adelphoi e os Deuses Sóteres e
colocar no local mais proeminente de cada templo uma imagem do ETERNO REI
PTOLOMEU, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, que será chamado
simplesmente "PTOLOMEU, o defensor do Egito", ao lado do qual deverá
permanecer o deus principal do templo, entregando-lhe a cimitarra da vitória, e
tudo será fabricado segundo os usos e costumes egípcios; e que os sacerdotes
prestarão homenagem às imagens três vezes por dia, e colocarão sobre elas as
vestimentas sagradas, e executarão outras devoções habituais como são devidas
aos demais deuses nos festivais egípcios;
e construir
para o rei PTOLOMEU, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, descendente do Rei Ptolomeu e
da Rainha Arsinoe, os deuses Filopatores, uma estátua e um santuário de ouro em
cada um dos templos, e colocá-lo na câmara interior com os outros santuários; e
nos grandes festivais nos quais os santuários são levados em procissão, o
santuário do DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO será levado em procissão junto com os
demais.
E para que
ele possa ser facilmente reconhecido agora e para todo o sempre, deverão ser colocadas
sobre o santuário dez coroas reais de ouro, às quais será acrescida uma naja, à
semelhança de todas as coroas ornadas com najas que estão sobre os demais
santuários, no centro da coroa dupla que ele usava quando adentrou o templo de
Mênfis para realizar as cerimônias de sua coroação; e na superfície que rodeia
as coroas, ao lado da coroa acima mencionada, deverão ser colocados símbolos de
ouro, em número de oito, significando que esse é o santuário do rei que uniu os
países Alto e Baixo. E como o aniversário do rei é celebrado no 30º dia de
Mesore e como também se celebra o 17º dia de Paophi, dia em que ele sucedeu a
seu pai, esses dias foram considerados como dias de devoção nos templos, pois
eles são fontes de grandes bençãos para todos;
e foi decretado
ainda mais que um festival terá lugar nos templos por todo o Egito nesses dias
de cada mês, acompanhados de sacrifícios e libações e todas as cerimônias
costumeiras dos outros festivais e oferendas serão feitas aos sacerdotes que
servem nos templos. E um festival terá lugar em honra do Rei PTOLOMEU, ETERNO,
O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, anualmente, nos templos por
todos os cantos da terra no 1º dia de Thoth durante cinco dias, durante os
quais eles usarão guirlandas e executarão sacrifícios e libações e outros
sacramentos habituais, e os sacerdotes de cada templo serão chamados os
sacerdotes do DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO e mais os nomes dos outros deuses que
eles servem; e seu sacerdócio será inscrito sobre todos os documentos oficiais
e será gravado nos anéis que eles usam;
e os
particulares serão também autorizados a assistir os festivais e a instalar o
santuário supra-mencionado em suas casas; executar as celebrações
supra-mencionadas anualmente, a fim de que todos e cada um possa saber que os
homens do Egito exaltam e honram o DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, o rei, de acordo
com a lei.
Este decreto
será inscrito sobre uma estela de pedra nos caracteres sagrados e nativos e
gregos e será erigida em cada um dos templos de primeiro, segundo e terceiro
graus, ao lado da imagem do Rei Eterno."
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