Hieráticoby:schtuz mangovsk
Escrita hierática: o Papiro Ebers.
Hierático (do grego γράμματα ἱερατικά -
grámata hiératiká - escrita sacerdotal) é a qualidade relativa às coisas sacerdotais, sagradas ou religiosas.
Na arte, o hieratismoé estilo que obedece aos
parâmetros religiosos do tema sempre com acentuada majestade e rigidez. Na literatura,
diz-se hierática a escrita de difícil compreensão porque destinada ao leitor
iniciado ou da classe sacerdotal.
Escrita hierática do Antigo Egito
A escrita hierática no Antigo Egito permitia aos escribas escrever rapidamente,
simplificando os hieróglifos quando o faziam em
papiros, e estava intimamente relacionada com a escrita hieroglífica.
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A invenção da
escrita egípcia ocorreu no período anterior ao estabelecimento das dinastias
faraônicas. Os primeiros caracteres que conhecemos remontam, aproximadamente,
ao ano 3200 antes da era cristã e já se apresentam como uma língua escrita
plenamente desenvolvida. Além disso, alguns hieróglifos representam objetos que
estavam fora de uso já há muito tempo no início da época histórica. Assim, e
baseados em datas sugeridas pelo carbono 14, os estudiosos situam tal invenção
em torno de 4000 a.C. Seja como for, por volta de 2800 a.C. o uso da escrita já
estava generalizado no Egito. O fato da escrita egípcia ser complexa fazia com
que a alfabetização fosse privilégio de uma elite. Ao que parece, não havia
iletrados no âmbito da nobreza e os faraós, é óbvio, sabiam ler e escrever.
Mas, apesar da escrita desempenhar importante papel na sociedade egípcia
antiga, sua produção e o acesso a ela provavelmente não se estendeu pelo seio
da população como um todo, tendo ficado confinada a uma elite educada: a
realeza, os oficiais do Estado e os escribas.
Como acontecia com quase tudo no Egito
antigo, havia também uma divindade associada com a escrita: chamava-se Seshat e
era representada como uma mulher usando um vestido de pele de pantera e tendo
na cabeça uma estrela de sete pontas e um arco. Segurava numa das mãos uma pena
de escrever e na outra um tinteiro de escriba ou uma folha de palmeira. Era
venerada sob o epíteto de Aquela que Ocupa o Primeiro Lugar na Casa dos
Livros.
Os textos escritos deixados pelo povo
egípcio são em muito maior número do que os deixados por qualquer outra
civilização antiga. A escrita egípcia é formada basicamente por aquilo que se
convencionou chamar de hieróglifos, termo grego que significainscrições
sagradas. Eles foram empregados principalmente nas inscrições ornamentais e
nos monumentos. Conforme nos explica o arqueólogo Serge Sauneron, o estilo
desses desenhos variou no decorrer do tempo: desenhos minuciosos e
realistas nos tempos mais remotos, amplos sinais nervosos e regulares na fase
raméssida, impecável preciosismo nos documentos saítas, profusão anárquica e
confusa nos textos ptolomaicos.
Sendo formada por desenhos, a escrita hieroglífica
era necessariamente difícil e demorada de ser executada. Para
o uso cotidiano era preciso encontrar uma maneira mais prática de registrar
atos adminis-trativos, redigir correspondências, etc. Os escribas inventaram
então uma abreviatura dos hieróglifos e essa escrita foi batizada pelos gregos
com o nome de hierática, que significa sagrada, porque
quando eles a conheceram ela era usada apenas em textos religiosos, embora em
tempos anteriores também tenha sido empregada na literatura, nos negócios e em
outros documentos seculares. Cada sinal era reduzido a apenas alguns traços
característicos. Poderíamos dizer que se tratava de uma taquigrafia. Alguns dos
sinais hieroglíficos eram facilmente identificados no sinal hierático
correspondente e outros nem tanto, principalmente se o sinal primitivo que
representavam era demasiado rebuscado e complexo. Essa forma de escrita era
particularmente adequada para uso sobre papiro ou pedaços de calcário. O texto
era usualmente escrito com um pincel ou um pedaço de junco afiado. Usava-se
tinta preta e a cor vermelha servia para destacar títulos e seções especiais.
Sendo uma escrita cursiva, o hierático apresenta muitas vezes os sinais unidos
uns aos outros, dificultando a leitura pelos estudiosos. Nesse tipo de escrita
os arqueólogos encontraram várias espécies de textos: ficção narrativa, textos
de instrução e filosóficos, hinos religiosos, poesias amorosas, inscrições
reais, textos médicos, matemáticos, rituais e alguns livros funerários. Durante
o 3º Período Intermediário (c. 1070 a 712 a.C) usou-se o hierático também para
algumas inscrições em monumentos.
A partir da XXIV dinastia (c. de
724 a.C.) o uso do hierático foi preterido no dia-a-dia por uma nova escrita
que surgiu proveniente do Delta e foi prestigiada pelas administrações
faraônicas de Sais. Usada inicialmente apenas no norte do país, por volta de
600 a.C. era empregada em todo o Egito. Os egípcios chamavam-na de sekh
shat, ou seja, escrita para documentos. Denominada pelos gregos
de demótica, termo que significa popular, porque no
Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.) quando os gregos visitaram o Egito era
reservada apenas para propósitos seculares, era uma escrita cursiva muito mais
esquemática e na qual o primitivo sinal hieroglífico já não podia ser identificado.
Nessa fase multiplicam-se as ligações entre os sinais e o vocabulário é
renovado. No Período Ptolomaico, iniciado em 304 a.C., o uso do demótico foi
estendido para composições literárias e textos científicos e religiosos.
Enquanto que os hieróglifos podiam ser escritos da direita para a esquerda ou
vice-versa, o hierático e o demótico eram escritos exclusivamente da direita
para a esquerda. Na tabela acima, extraída da obra When Egypt Ruled the
East de G. Steindorff and K. Seele, vemos uma comparação entre alguns
sinais nos três tipos de escritas.
Nos últimos séculos da época dos faraós,
durante o domínio ptolomaico e de Roma a escrita hieroglífica passou a ser
usada exclusivamente pelo clero e o demótico e o grego passaram a ser
empregados como escritas administrativas e do cotidiano das pessoas. O
conhecimeto da velha escrita foi preservado nos templos e em escolas religiosas
conhecidas como Casas da Vida. Paradoxalmente, foram criados
milhares de novos sinais hieroglíficos nessa época e multiplicados os valores
dos sinais já existentes. Os templos de Edfu e de Esna estão repletos de textos
escritos com essa escrita hieroglífica renovada.
Com o avanço do cristianismo no
território egípcio a escrita copta se desenvolveu, ao passo que as demais escritas
nativas foram declinando. O copta é formado por 24 letras gregas combinadas com
seis caracteres demóticos e esse sistema alfabético já estava bem estabelecido
no século IV da era cristã. Gradualmente, entretanto, ele cedeu lugar ao árabe
após 640 d.C.
by: Schtuz Mangovsk
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